13 de janeiro de 2014

Anúncios de Estação em DTMF

Pergunto eu a vocês, o que é que um telefone tem a ver com a chegada do IC?

A resposta: Carregal do Sal!


Mas, a que propósito vem isto? Bem, para que percebam logo de início, falamos de duas coisas já quase extintas. Uma são os sons que os telefones faziam quando se marcavam os números, aqueles esquisitos que os miúdos tanto gostavam de ouvir por serem... tão esquisitos..., e a outra são os anúncios manuais nas estações ferroviárias, normalmente vindas da voz do chefe da estação propriamente dito!

Mas pergunta você na mesma, o que é que uma coisa tem a ver com a outra? A resposta é simples:

Carregal do Sal.

Esta é uma das poucas estações que neste momento ainda tem chefe de estação e um sistema de anúncio altifalante que se tornou característico das estações renovadas nos anos 90. Quem esteve numa destas estações deve-se lembrar de certeza desse som telefónico familiar no fim de um anúncio:

- "... efetua paragens em todas as estações e apeadeiros." (Som telefónico)

Outras estações usam o conhecido arpejo de Dó Maior, ascendente quando se inicia a chamada, descendente quando esta termina. O Entroncamento é um desses casos.
Outras simplesmente não têm qualquer sinal, ouvindo-se apenas o chefe da estação.

Hoje em dia, muitas das estações renovadas nos Anos 90 têm um sistema automatizado, igual em todo o país, a qual os ferroviários chamam de Marta.

Esta Marta:


Se você é desses tempos mas ainda não sabe do que se fala, então escute este vídeo até o anúncio por voz terminar: http://www.youtube.com/watch?v=0U5R1-TWAAg

Já se recorda? Muito bem!

Vamos então ao que interessa. Esses tons que se ouve no fim são tons DTMF, ou Sinais de Duplo Tom e Múltiplas Frequências. São formas de enviar dados em forma de som/frequência elétrica, permitindo que computadores ou sistemas informatizados possam comunicar for cabos telefónicos.

Nos anos 90 muitas das ligações telefónicas eram feitas por DTMF. Se você teve um telefone de botões nessa altura, deve-se recordar desses sons por cada tecla. Hoje em dia alguns telefones fazem estes sons audíveis só por questões... estéticas?

Adiante. Estes sons também se ouviam nas estações no fim de um anúncio. Eram rápidos mas toda a gente dava-se conta deles. Mas o que diziam? Será que pode tocar esses tons num telefone?

Quando o chefe da estação pousava o comunicador na base, isto desencadeava um sinal para a rede interna da estação para desligar todos os altifalantes. Este sinal ainda era audível mas era garantido que uma vez emitido os altifalantes desligavam-se até serem requeridos de novo. Comunicadores à distância também usavam este sinal para desligar uma comunicação telefónica. Geralmente nos dias de hoje foram substituídos por comunicações Rádio-Solo e CCO.

Para desfazer o mistério de forma a você poder replicar este sinal e fazer algumas brincadeiras com um codificador DTMF, aqui fica os dois sinais mais comuns:

7#*C

42*C6

Cada tom dura 0.05 segundos e tem um intervalo de silêncio entre tons também de 0.05 segundos. No início você irá ouvir estes sons (sem reverberação e com reverberação) e depois um exemplo:

23 de julho de 2011

Ai estive quase morto no deserto, e o Porto aqui tão perto!

Lembrem-se há uns anos atrás de um tal ministro que disse que a margem Sul era um deserto? Então... e onde estão os camelos? E os dromedários?

NO NORTE!

Norte? SIM! Então não andamos todos contentes por andar para trás e para a frente em camelo e dromedário? Nas linhas do Minho e Douro? E estão a ficar todas amarelas, como o Areias!

Os camelos são automotoras diesel espanholas, alugadas pela CP. Vieram da fronteira já de amarelo e têm duas bossas por cada carruagem, totalizando 6 no total. São feias de origem.

Os dromedários são as antigas automotoras Sorefame - Rolls-Royce que também passaram por uma fase de plastificação/lilificação, apesar de não terem ficado tão feias. Tinham uma cor de azul de azia e agora, depois de algum Gaviscon na EMEF, estão a ficar também amarelas.


Agora algum conteúdo científico:

Estas duas espécies de animais do deserto provaram que podem trazer fresquinho mesmo com as janelas e portas totalmente isoladas, desde que as bossas não se constipem. Foram as principais causas de erradicação dos Perdigueiros (CP 1400) e das Latas (CP 0600) na região do Minho e do Douro. Partilham o seu habitat diariamente com outras espécies de animais, como as Martas (CP 3400), as Lilis (CP 2240), os Terramotos (CP 1960), alguns Perdigueiros sobreviventes e uma Viúva Negra (Histórico), apesar de não mostrarem grande convivência entre estas e as espécies do deserto. Segundo um estudo da SPVS (Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem) e da CP (Comboios de Portugal), preve-se finalmente uma migração de dromedários para a margem sul do Tejo e terras mais a sul, vindo a poder causar a extinsão em massa das restantes Latas e Francesinhas (CP 1930).



De qualquer das formas, para o Peso da Régua, eis o novo produto turístico:


3 de novembro de 2010

O Som de CF

Qual é o som mais conhecido dos caminhos-de-ferro para lá dos das locomotivas a vapor?

Tim tim, tim tim...

Certo. O tilintar dos carris é, sem dúvida, um dos sons mais mágicos dos caminhos-de-ferro. Podem ser realmente monótonos quando vemos um super comboio americano a passar em frente a nós, sempre com o mesmo tipo de vagão, como podem fazer uma verdadeira orquestra de ritmos e tinidos quando viajamos a grande velocidade numa adorável Sorefame.

Estudá-los é também incrível. Parece estranho usar o termo estudar mas, na realidade, este género de sons são um verdadeiro fenómeno ferroviário que vale a pena ser conhecido, para se poder apreciar melhor.

Certas pessoas reparam neste som... tim, tim... tim-tim... e não sai disto. Uns ouvem um som curto e repetido vezes e vezes sem conta e já dizem que é uma "bomba de um som". Bem pessoal, mas isso nem sequer é a ponta do iceberg... Para se ter uma verdadeira apreciação destes sons, é necessário ter em conta os diferentes tinidos, as peças ferroviárias que os provocam e as características do bogie que circula sobre a via.

Eis aqui o estudo que elaborei:

Ir para uma linha renovada? MÁ DECISÃO!
Estes sons são puramente ouvidos em linhas não renovadas com carril curto geralmente ligado por juntas de barras de conexão.

Os sons são sempre iguais?
Não. Existem duas categorias na classificação do som.

Primeiro temos de ver qual a origem. O som do carril pode surgir de duas fontes: Uma junta de carril ou uma secção de via mal apertada.

- As juntas fazem som quando a roda do comboio choca com o carril seguinte. (Imagem A) O som será mais forte quanto mais forte for o impacto com o carril seguinte e o impacto depende da velocidade a que o comboio vai, o seu peso e o desnível que o carril seguinte tem em relação ao anterior. Se o carril seguinte estiver muito baixo, a roda cai nele e ouve-se um tim baço. Se o carril seguinte estiver muito alto, a roda vai choca nele, então vai-se ouvir um tim mais violento.
O som poder-se-á ouvir mais de um lado que do outro da carruagem, dependendo de onde a junta estiver colocada, se no carril direito, se no esquerdo ou se em ambos os lados no mesmo sítio.

- As secções de via mal apertada são partes onde o carril não está bem fixado à travessa verticalmente. Isto não é perigoso uma vez que os tirafundos (parafusos) só têm de necessariamente prender o carril longitudinalmente e latitudinariamente. Os carris presos apenas por tirafundos não fazem este som, mas os que são fixos por um conjunto de tirafundo e placa metálica (Imagem B) fazem um som simplesmente espectacular, que fazem lembrar orquestras de percussão metálica a bater muito rapidamente (pratos, vá...). Quando vistos de perto, estas placas metálicas vibram quando o rodado desliza sobre o carril.

Segundo temos os bogies e o material circulante. O som irá variar por muitas razões, mas vou apontar as mais óbvias para vocês perceberem.

- Quanto maior é o peso por eixo (isto é, quanto mais pesada é a/o carruagem/vagão) mais abafado é o som. Isto se deve ao facto de o carril mal poder vibrar por se estar a aplicar uma enorme pressão sobre ele.

- O número de "tins" que se houve depende dos conjuntos de rodados do comboio e da proximidade entre juntas de carril. Poder-se-á ouvir um tilintar igual e bem marcado, ou um tilintar desorganizado ritmicamente.

- Tintintintintintin... As rodas facetadas fazem eles próprios um tilintar constante. Material com rodados por tornear ou com rodados de metal que se desgastam muito facilmente têm tendência a formar faces que batem quando se alinham paralelamente com o carril. É um som constante e repetido sem pausas. É o que dá, na gíria ferroviária, o termo "martelos" aos comboios de mercadorias e às antigas UTE.


Esperam que usufruam melhor da vossa experiência sonora na vossa próxima viagem de comboio! Fica também aqui um ficheiro de GE que mapeia alguns troços com estas características:

Imagem A


Imagem B




16 de setembro de 2010

Pequenos comboios operáveis!



Quase de certeza que toda a gente sonha em ter um comboio operável. Pequenino, grande, coberto, fechado ou aberto, muitos constroem as suas próprias máquinas a vapor 100% funcionais, outros comprem máquinas a diesel ou eléctricas. No entanto o gozo do pessoal sortudo que tem acesso a este "passatempo" só se concretiza quando têm um espaço de operação, que rarararararamente se encontra em Portugal. Na realidade, são os próprios que montam uma linha ou um circuíto. A APAC faz isso com a locomotiva do senhor Mascarenhas.

No estrangeiro, principalmente os bahn-maniacs alemães e os trainpeople ingleses têm vários parques que fornecem uma rede ou um circuíto ferroviário de grandes dimensões, quer por aluguerm quer por reserva, e mesmo antigos canais ferroviários convertidos em atracções turísticas com comboiozitos à escala, fantástico não? E não existem linhas de barra longa soldada em travessas de betão e plataforma totalmente planificada, são linhas bem ao gosto tradicional!

Barretes e Coberturas

Já alguém reparou num funcionário da CP ou da REFER a usar uma cobertura hoje em dia? Dirá sem sombra de dúvida que não.

Pois bem, coberturas do género são usadas na França, principalmente nos comboios de Longo Curso, ainda que o design clássico implemente a moderníssima imagem da SNCF.

Du da, da dup!